7 coisas que me irritam na Alemanha

Acredite, eu amo a Alemanha. É um dos lugares que nunca imaginei morar na vida, e ainda assim provou ser o país perfeito para mim. Pode ser pelo fato de ser casada com um alemão e que isso influenciou minha quase que imediata integração, ou pode ser pelo fato de que vejo o país como um lugar extremamente organizado e onde tudo funciona, ou simplesmente porque amo a cidade onde moro, Munique.

No entanto, não existe país perfeito, e não sou uma daquelas pessoas que só compartilham o lado lindo de um lugar (se você já segue o blog há um tempo, sabe disso). Sim, para mim, o país do meu marido também tem seus defeitinhos, mas nada que não dê para se acostumar com o tempo. Recentemente me bateu a vontade de compartilhar com vocês 7 coisas que me irritam na Alemanha, mesmo depois de 5 anos morando aqui.

Entre essas coisas vocês não vão encontrar coisas clichês do tipo a frieza dos alemães, como o inverno pode ser frio, como as pessoas reclamam de tudo, como o atendimento é ruim, ou como é difícil falar alemão. Agora, o que vocês vão encontrar são coisas relativamente simples, mas que podem mudar a rotina da sua vida. Como estrangeira, é impossível não comparar o seu país de origem com o qual você mora ou já morou, por isso mesmo, as minhas comparações feitas aqui são bem voltadas à vida que levava no Brasil. Muitas dessas coisas podem nem te incomodar, outras possivelmente sim.

O problema das padarias

Sabe aquela nossa tradição brasileira de à tarde ou no final do dia passar numa padaria para comprar/comer aquele salgadinho? Comprar pão fresquinho depois do trabalho? Pois bem, na Alemanha não é bem assim. Primeiro, lanche da tarde não é bem salgadinho, mas sim coisas doces, apesar de que ainda assim, esse costume é levado aos cafezinhos e não às padarias. Segundo, pão fresquinho no final do dia é coisa praticamente inexistente.

Depois das 7 da noite é difícil encontrar sequer ainda algum pão, quanto mais fresquinho. Esquece. Como as padarias fecham às 8 da noite, às 7 só tem o resto. Quem quiser algo fresco tem que ir cedo, o que é inviável para quem trabalha até mais tarde. Sem mencionar o fato de que aos domingos, as padarias só ficam abertas até 1 da tarde (dependendo do local).

Outro problema são os finais de semana. Na grande maioria das padarias do bairro, após as 10 da manhã não tem mais quase nada. Por algum motivo é produzido uma certa quantidade (tomemos croissant como exemplo) e depois de um certo horário já não é mais produzido, ou seja, sorte de quem acordou cedo e garantiu o seu. Sério, coisinha irritante. Parece até que não fazem questão de ganhar dinheiro.

Os médicos das cidades grandes

Desde que me mudei para a Alemanha, já precisei ir à diferentes médicos tanto em cidades pequenas como em uma cidade grande como Munique. Para começar, é bom saber que existe uma grande diferença entre médicos do interior e de cidades grandes. O primeiro dedica mais tempo ao paciente, o examina com mais atenção, o escuta. O segundo, te dá 5 minutos para dizer o que está sentindo e outros 5 para dar um possível diagnóstico, passar uma receita ou exames, e se despedir!

Não, médicos de cidade grande não têm tempo para ficar batendo papo, mesmo que você ache que certos detalhes/sintomas farão diferença no diagnóstico. À princípio achei que o problema era só com a minha ginecologista, mas aí percebi que com meu clínico geral, meu alergologista (ai, esse é complicado), meu ortopedista e gastro eram piores ainda. Sim, eu sei porque isso acontece, e também sei que se eu tivesse seguro privado esses mesmos médicos me tratariam diferente, dando mais atenção e tempo ao que tenho para dizer. Mas ainda assim, seguro público na Alemanha não é de graça, um pouco mais de atenção é o mínimo! Isso é sem dúvidas o que mais me irrita.

Farmácias são bem peculiares

Depois de anos, continuo descobrindo coisas estranhas sobre as farmácias na Alemanha, e ainda me surpreendo de vez em quando. Primeiro, é necessário receita para praticamente tudo, até mesmo para anticoncepcional, segundo, mesmo quando você vai comprar um remédio que costumar usar (na mesma farmácia de sempre), como paracetamol (para o qual não é necessário receita), o farmacêutico insiste em te ensinar como toma-lo mesmo que você não pergunte.

Até aí tudo bem. Você já tentou comprar álcool etílico na farmácia? Ou uma agulha? Saiba que eles irão te perguntar para que você precisa. Devo dizer que me senti uma fora da lei quando fui comprar álcool, não tinha ideia de como eles iriam fazer questão de saber porque queria comprar tal produto. Acho isso uma super invasão de privacidade. Juro que o álcool não era para tocar fogo na minha casa

Domingo não é dia de afazeres de casa

Certo, eu aprecio o silêncio dos domingos aqui na Alemanha. Afinal de contas, depois de uma longa semana, ter um dia para relaxar e se acalmar faz bem. Mas o fato de não poder aspirar a casa, ir ao supermercado, ir à padaria pela tarde e fazer compras, muitas vezes é um saco. Claro, me acostumei, até porque na grande maioria dos países europeus é assim, mas não quer dizer que não seja inconveniente. Às vezes é o único dia que você tem para resolver certas coisas.

Ir ao supermercado logo antes ou depois de um feriado

É um caos ou quase não tem nada restando… às vezes os dois. Acredito que isso é por causa de duas coisas bem simples:

1. O pessoal do supermercado não repõe os produtos com a frequência que deveria, por exemplo, depois de um certo horário à tarde eles já não repõem as prateleiras, especialmente frutas e verduras;

2. Os alemães têm medo de não ter comida o suficiente em casa durante o feriado. Meu marido uma vez brincou: “é como se estivéssemos nos preparando para uma guerra e todo mundo precisa comprar o máximo de comida para estocar possível”. Um desespero. Supermercados 24 horas fazem muita falta por aqui.

Especialmente na semana santa e durante o Natal, você terá dificuldade em encontrar certos tipos de frutas e verduras. E pão? Ah sim, já sabemos o problema das padarias. O segredo de conseguir burlar esse problema é ir o mais cedo que der ao supermercado, mesmo que para isso tenha que sair mais cedo do trabalho.

Vale lembrar ainda que nem precisa ser véspera de feriado ou após um, todos os dias ao final do dia você irá se deparar com um problema bem similar, bem como aos sábados.

As lojas e seus sistemas de reposição de produtos

Nunca vou esquecer das minhas primeiras compras de Natal aqui na Alemanha em 2012. Em outubro as lojas já estavam fazendo propaganda e vendendo decorações natalinas, e achei muito cedo para começar a compra-las. Em novembro dei uma olhada nas lojas para ter uma ideia do que eu iria comprar. No começo de dezembro decidi que estava na hora de ir às compras. O que eu não sabia é que dezembro pode ser tarde demais para conseguir comprar aquela decoração linda que você viu em outubro, ou porque só tem o resto (a maioria quebrada) ou nem tem mais para vender!

No ano seguinte o mesmo quase aconteceu novamente, e finalmente eu aprendi que aqui na Alemanha é preciso comprar a coleção do inverno no outono, a do outono no verão e por aí vai. Isso é caso você faça muita questão de comprar aquele produto. Se não se importar, até dá para economizar bastante comprando mais tarde, já que há muitas promoções. De qualquer forma, o que quero dizer é que os produtos não são repostos quando acabam, depois que todos são vendidos, já era.

As geladeiras dos supermercados preferem o inverno

E quando finalmente o verão chega e você está querendo aquela bebida geladinha à caminho de casa ou para levar à um piquenique, a geladeira do supermercado não está funcionando. Não entendo como o mesmo funcionou tão bem durante o inverno e quando chegam os 40C lá fora de repente para de funcionar. Sério, será que isso só acontece comigo? Se sim, então tenho muita pouca sorte, porque isso acontece todos os anos, todo verão, em supermercados diferentes! E quando o problema não é a geladeira em si, praticamente não há mais bebidas geladas, porque aí entra novamente o problema de reposição.

ATUALIZAÇÃO: por sugestão de uma leitora, como pude esquecer o fato de que aqui pagar com cartão de crédito não é tão fácil, e que em lugares como cafezinhos a grande maioria só aceitam dinheiro em espécie, nem mesmo cartão de débito? Mais um pra lista! E você? Tem mais alguma sugestão?

 

A todos os estrangeiros que amam morar na Alemanha e que já aprenderam a reclamar como um alemão!

 

About Allane

Brasileira morando na Alemanha. Casada com o W., mãe de uma menina linda e de um Golden Retriever. Viajante, escritora, fotógrafa, mergulhadora, apreciadora de vinhos, fã de Fórmula 1, viciada em ler livros de ficção histórica e juvenil. City girl, amante da natureza, alguém que acredita em um mundo melhor, uma pequena mudança por vez.