Visitei o Egito três vezes, mas foi somente na terceira vez que tive a chance de ver um Egito diferente, um que ainda não conhecia. Já que o propósito das minhas viagens ao país são sempre mergulhar, acabo ficando no litoral e nunca vejo uma cidade de verdade. Mas na minha recente visita, juntamente com a Memphis Tours, fiz um bate e volta de Hamata, onde eu estava, e passei um dia em Luxor.
Luxor está localizada à 440Km de onde eu estava, o que significa que com as estradas do Egito tínhamos em torno de 5 horas de carro – 10 no total – pela frente. Confesso que fiquei com um pé atrás e preocupada com o tempo que iríamos passar dentro do carro só para passar 1 dia algumas horas na cidade. No entanto, era o único dia em que eu e o W tínhamos para fazer essa viagem, e se eu realmente quisesse finalmente conhecer uma cidade Egípcia, agora era o momento certo de fazer acontecer e torcer para que valesse a pena. E valeu.
Nosso motorista e nosso guia da Memphis Tours nos pegaram no hotel em um carro privado e seguimos para Luxor entre 4 e 5 da manhã no horário local; ainda estava escuro. Nas próximas horas passamos pelo meio do deserto e por pequenas cidades no meio do nada. A mudança de cenário ao longo do caminho foi incrível e eu já estava mais do que empolgada para chegar em Luxor.
No total, passamos 7 horas na cidade, e vocês nem acreditam no que conseguimos ver e fazer durante esse tempo. Certamente aproveitamos o máximo nossas horas em Luxor:
Vale dos Reis
Nossa primeira parada já fez o meu queixo cair. O Vale dos Reis é onde as tumbas dos Faraós das Dinastias XVIII, XIX e XX são encontradas, as quais incluem Ramesses III, Ramesses VII e a do tão famoso Tutankhamun. Infelizmente não é permitido tirar fotos dentro das tumbas, mas pelo menos consegui uma de fora do vale.
Entrar nessas tumbas foi um dos momentos mais inesquecíveis que vivi em uma viagem. Toda a minha vida ouvi e assisti histórias do Egito, das tumbas, hieróglifos e Faraós, mas nunca pensei no momento em que eu iria vê-os com meus próprios olhos de tão perto. É surreal pensar que seres humanos construíram essas tumbas sem máquinas e há tantos séculos atrás, antes de Cristo.
Um pouco de história
Esse lugar foi escolhido para a construção das tumbas por causa de sua localização: no meio das montanhas desertas e onde as águas do rio Nilo não conseguem chegar. Até hoje 65 tumbas foram encontradas, onde 63 delas sabe-se de quem é. A primeira tumba descoberta foi a de Ramesses VII por volta de 1800 e a mais recente foi encontrada em 2008, possivelmente de alguém da Dinastia XVIII.
Tumbas continuam sendo encontradas por lá e arqueólogos acreditam que ainda há mais para serem descobertas.
Dicas:
- Para ver as tumbas de Tutankhamun, Ramesses VI e Ay, é necessário comprar um ingresso diferenciado;
- Para sua informação, muitas tumbas estão fechadas para visita, pois arqueólogos trabalham nelas a maior parte do tempo;
- Dentro das tumbas sempre tem um funcionário do Vale dos Reis se oferecendo para dar explicações, mas evite-os pois os mesmos irão querer dinheiro no final – a solução é fingir que não está entendo nada.
- As múmias não estão mais em suas tumbas, isso é porque quando são encontradas e abertas, a mumificação já não funciona mais, assim o corpo necessita passar por outro processo para mantê-lo preservado. A maioria delas hoje em dia estão em museus, como o Louvre em Paris.
Colossi de Memnon
Foi só uma paradinha rápida para uma foto e uma breve explicação do nosso guia. O Colossi de Memnon ou el-Salamat/el-Colossat para os locais, são duas estátuas gigantes do Faraó Amenhotel III feita de arenito quartzito trazida de Cairo. Apesar de estarem bem danificadas, as estátuas são lindas e impressionantes.
O Templo da Rainha Hatshepsut
No antigo Egito, mulheres não podiam assumir o trono e tornarem-se Faraós, somente homens. No entanto, diz-se que Hatshepsut assumiu esse papel e foi provavelmente a primeira mulher a tornar-se tão importante e poderosa no mundo. Egiptólogos dizem ainda que ela foi um dos Faraós mais bem sucedidos.
Fato Interessante:
Por ser uma mulher Faraó – a primeira que já existiu – Hatshepsut considerava importante lembrar que apesar de Faraó, ela era mulher, e em seu templo suas estátuas possuem os rostos pintados de vermelho.
Compras nos Bazares
Fizemos uma parada em uma loja local de artesanato onde artesãos fazem de pequenas até grandes estátuas de cada deus Egípcio, Faraós, templos, entre outros, utilizando pedras diferentes. Esses artesãos possuem uma herança muito especial, a de seus ancestrais que desenhavam e pintavam hieróglifos. Legal não é? Eles simplesmente passaram de geração para geração, desde antes de Cristo.
Nessa loja que paramos não há preços nos objetos, então se preparem para negociar – como de costume no Egito. Queríamos comprar uma pequena estátua do deus Anubis, menor que a minha mão, e o vendedor começou cobrando $120! Acabamos levando por $35. Ele não ficou muito feliz, a gente sim.
Um passeio de barco no rio Nilo
Todas aquelas histórias que estudamos na escola sobre o famoso rio Nilo, de que ele é enorme e que é extremamente importante para o Egito, são verdade. O rio é gigante, em extensão e largura, o segundo maior do mundo. Ele divide Luxor no meio, onde o lado Oeste é dos mortos (onde ficam as tumbas) e o lado Leste é a cidade e os templos de adoração e devoção.
O interessante é que há poucas pontes que conectam os dois lados, as que existem são meio fora da cidade. Por isso, é muito comum pegar um barco para atravessar de um lado ao outro; foi o que fizemos. Tivemos assim a chance de passear de barco no rio Nilo, o atravessamos do lado Oeste para o Leste onde iríamos almoçar. Esse passeio foi um daqueles momentos que me fizeram sentir parte desse mundo
Almoço com vista para o rio Nilo
Nosso pequeno barco parou na porta do hotel Sonesta St. George, o melhor de Luxor e onde paramos para almoçar com uma vista linda para o rio Nilo. A comida era deliciosa – o que para mim é raro no Egito – e aproveitamos o tempo para encher o nosso guia de perguntas sobre a história do Egito.
Templo de Luxor
Infelizmente por causa do pouco tempo, não deu para entrarmos no Templo de Luxor. Passamos por lá duas vezes e consegui algumas fotos de fora. O templo foi fundado em 1400 a.C. (em Thebes, hoje em dia Luxor) e faz parte da UNESCO como patrimônio histórico da humanidade. Queria ter visitado, mas ainda tínhamos uma importante visita à fazer.
Templos de Karnak
Um dos lugares mais maravilhosos e espetaculares que já visitei nessa vida, de deixar qualquer um de queixo caído, de tirar o fôlego e todos os exageros que quiserem usar. Impressionante. Apesar de ser popularmente chamado de Templo de Karnak, na realidade é Templos de Karnak, no plural. Isso porque são vários templos em um só lugar, todos construídos por diferentes Faraós de diferentes Dinastias. É basicamente uma cidade de templos, o quais são devotados aos deuses Amun, Mut e Khonso.
Os Templos de Karnak (onde Karnak significa carneiro) é datado de 2055 a.C., e possui 200 hectares. É nada mais nada menos que o maior templo religioso do mundo. Para se ter uma ideia, 61 hectares pertencem somente à sagrada área do deus Amun, onde facilmente cabe a basílica de São Pedro em Roma, e as catedrais de Milão e Notre Dame de Paris! Lá há mais de 130 colunas gigantes, um lago, obeliscos e pilares. Os templos são separados por sessões, onde cada uma foi construída por um Faraó diferente.
Fato Interessante:
3 de seus obeliscos agora encontram-se em 3 cidades diferentes da Europa: Berlim, Londres e Roma.
O que achei
Depois de 7 horas em Luxor, retornamos ao nosso hotel em Hamata felizes porque as 10 horas de estrada valeram a pena. Claro, ainda há muito mais do que isso para ver na cidade, mas a Memphis Tours fez com que não deixássemos de ver as atrações principais e nos deixou com gosto de quero mais.
Bem que eu queria ter ficado mais tempo, tem tanta história nesse lugar. Sorte a nossa que o nosso guia sabia muito, afinal ele estudou Egiptologia e tem muitas história interessantes para contar. Eu poderia continuar contando mais e mais histórias, mas vou deixar algumas para vocês descobrirem quando forem ao Egito. Certo?
Minha dica
Fazer turismo no Egito não é como na Europa, onde dá para usar o transporte público para todo lugar e fazer tudo você mesmo. Por isso, aconselho contratar uma empresa para organizar suas visitas e levá-los aos monumentos, eles já sabem como funciona tudo e sabem otimizar o seu tempo.
Caso contrário, terão que fazer tudo por sua conta e alugar um carro – o que não aconselho fazer no Egito, principalmente se não conhecer as regras locais – ou pegar taxi, carruagem ou algo do gênero para todo lugar – isso significa que terá que negociar preços o tempo inteiro e isso pode ser bem frustrante.
Você pode fazer a mesma viagem
Desde Hamata, Marsa Alam ou Hurghada, a Memphis Tours organiza sua visita do jeito que você quiser, e o melhor? Eles têm site em português e guias que falam português também. Se tiverem somente um dia como eu, acreditem, ainda assim vale a pena, mas se tiverem a chance de ficar mais tempo em Luxor, eu aconselho 2 dias. Claro, também dá para sair de outras cidades, como Cairo e até mesmo fazer um cruzeiro pelo rio Nilo.
*Agradecimentos especiais à Memphis Tours por fazer essa viagem possível e por ao mesmo tempo me ajudar a realizar alguns itens da minha lista de desejos.